Vovó e o mar

Era uma manhã ensolarada. Vovó sorria á toa porque iria a praia. Adorava o mar. Eu acompanhava seu corpo pequeno e ligeiro pela casa antiga de teto de madeira roída pelas traças. "Já colocou o maiô, vó?" Ela ria e ria. Por um breve momento, esqueci que ela não estava mais aqui. "Pegou o dinheiro pro amendoim?". "Peguei vó!". 

Rosa, a vendedora de água mais famosa de Caruaru


- Oi, moça, quer uma água? Uma pipoquinha? Um cafézinho?
- Quero não, brigada.
- Só uma água, moça. Tá geladinha! Pra me ajudar. 
- Tá certo, me dê uma água, então.
- Na hora! 

da vez em que entrevistei pessoas pela primeira vez

Foi pra um trabalho da faculdade que me vi totalmente fora do meu contexto. Com medo, voz baixa e de confiança escondida em algum lugar do bolso da calça. Entrevistei pessoas pela primeira vez. 

é março, novamente, mas chovem borboletas mortas lá fora


Abro a porta e o sol é o mesmo. Caminho no asfalto e a calçada é a mesma. As árvores são as mesmas. O lixo jogado no chão é o mesmo. Os carros poluindo a minha visão são os mesmos. A chuva que molha meu rosto é a mesma. E a Oração de Ave-Maria que toca religiosamente às seis da tarde no aparelho de rádio do meu pai, é a mesma.