como encontrar amor dentro de si?

voltando àquele velho costume de procurar respostas.

tentando entender o caos

aya takano

muito aconteceu desde a última vez que escrevi aqui. parece que sempre há grandes mudanças em mim quando volto, sento, escrevo. como se houvesse uma necessidade maluca de registrar esses momentos em que (atualmente seja raro) me percebo. costumava fazer isso mais vezes. quando tinha mais tempo, vivia no ócio, acreditava na minha introversão quase como uma religião. acreditava em muitas coisas sobre mim como se fossem inerentes, absolutas. 

é óbvio que é mais fácil descobrir o que se é e bater o ponto. busca incessante por respostas é coisa de jovem, de gente que tá saindo do verde pra ficar maduro... né? então, como é possível ainda estar descobrindo coisas sobre mim? depois de tantas certezas que achei ter à meu respeito, me encontrar em outras maneiras de ser é uma baita de uma surpresa. ou melhor, é uma doidera. 

o fato é que... é muito engraçado observar esses registros de versões de mim que já fui.

a última vez que escrevi, de fato, foi quando decidi mandar uma carta pra um amigo. já faz algumas semanas. não tenho acesso a essa carta porque escrevi a mão, tal qual os astecas. ela era bem sincera, bem dolorida, de tinta borrada por lágrimas. não era sobre esse amigo, mas sobre coisas que eu estava sentindo. sobre coisas que estavam afetando minhas relações, meu comportamento, entre outras coisas.

não foi a única coisa que escrevi antes de dar uma sumida por aqui. escrevi agradecimentos no meu TCC o qual apresentei. depois de sete anos naquela faculdade, acreditem ou não, terminei. um curso que eu jurei que iria abandonar, que pensava não ser pra mim, que me fez chorar horrores. pois é, a vida, né?

fiquei caçando a hora certa de voltar, falar sobre um milhão de coisas que provavelmente não vão fazer mais sentido pra Nicole de um futuro próximo. o erro é ficar caçando tempo certo, ficar pensando demais, como disse Jaquinho. a graça da coisa é essa mesmo, perceber o que se foi pra conseguir enxergar o que se é agora. só dá pra ter essa percepção das coisas quando se registra.

nunca pensei que voltaria a ser ativa em redes sociais. não que isso seja um grande feito e que mereça comemoração. no entanto, considerando os motivos pelos quais tinha parado de usar, vou comemorar sim. eu não tinha garantia de nada, nem imaginei que isso aconteceria, mas voltei a ser próxima das pessoas, criar novas conexões e pra mim, foi o mais importante. também voltei a registrar mais fotos do meu rosto, coisa que eu não fazia com frequência. lembro de algumas vezes que escrevi sobre isso aqui. engraçado que dia desses, através de fotos, percebi que estou envelhecendo haha. muito maluco, o tempo e tal.

enfim, acho que perceber que você pode continuar crescendo, mudando e se movendo, mesmo quando já se é grande, adulta e com mais consciência de si, pode ser uma coisa bem maluca de se lidar. estando em reformas, pondo os móveis pra fora, dando uma chacoalhada nas ideias, nos planos, nas vontades, nas crenças, tentando entender o caos. por enquanto, é isso aí.