o ano mais rebelde da minha vida

se eu dissesse que o ano de 2022 foi muito maluco provavelmente a nicole do passado não acreditaria. esse ano foi sobre pequenas revoluções no presente para grandes passos no futuro. é hora de fazer a contabilização do saldo anual de acontecimentos e ver no que deu.

quando descobri a solidão

já faz um tempo em que parei pra escrever e conversar comigo, sobre mim. não é falta de tempo, é só que não sei bem em que pé anda as coisas por aqui. estou andando em círculos enquanto falo (e na maioria das vezes é assim mesmo). saudades da terapia. andei querendo entender o motivo de ter tomado tantas decisões estranhas, então sentei aqui pra escrever. 

mal do século

tenho muito a fazer pouco respiro pouco descanso a minha mente não consegue parar não consegue me dar trégua e eu só quero um minuto de nada um respiro um ar que entre e que liberte as saídas de dentro e não acontece nada o pulmão está sempre fechado e em chamas o tronco enverga e os braços tentam acodem o peito numa tentativa falida desesperada e a mente é lembrada que não para não é possível parar ela continua a querer ouvir todos os sons do mundo ao mesmo tempo e todas as milhões bilhões trilhões de vozes sem nenhuma pausa nenhuma virgula não há parada eu só preciso respirar um minuto preciso de um minuto de nada e ele não vem não vem não vem

o que eu fiz no inverno passado e coisas para assistir no mês das bruxas

escrevi isso a alguns meses e achei um desperdício deixar engavetado para todo o sempre. muitas das coisas que vivenciei tempos atrás continuariam a me assombrar, como fazem os fantasmas e as almas perdidas. já que esses não-ditos renderam longos monólogos com as paredes de casa e agora estão flertando com o esquecimento, então fui de encontro aos seres que exorcizaria. tentei como poderão ver a seguir, registrar como se deu algumas dessas experiências. falando assim parece que foi tudo muito extraordinário, mas nem foi tanto assim.

desenterrando um projeto de escrita e quotes com a minha cara

mais rápido do que eu esperava, cá estou novamente. há um tempão atrás recebi indicação da fantástica Lana, do PorceLana, para participar do Projeto de Escrita, o qual foi criado pela Gabriela! pensando na possibilidade de envolver uma escrita com mais liberdade e um pouco de exposição, surge este projeto super legal, no qual consiste em se desafiar respondendo as perguntas que ela criou logo abaixo. você pode responder tudo de uma vez ou fazê-los separadamente se preferir. vou indicar cinco pessoas para participarem, se assim quiserem: SnowGabesJV, Maria e Jaquinho. quem tiver afim de fazer, sinta-se à vontade. ♥  

ás vezes é preciso deixar-se não justificar

discuti com a minha mãe, perdi o ônibus, derramei café quente na blusa e ainda são 8 horas da manhã. não sei se o universo anda me prometendo vingança ou algo do tipo, mas estou disposta a aceitar todas as mazelas que vierem. nada me afeta. já dizia a Tuyo, sou um tronco forte. juro que não reclamei por queimar a língua logo após sujar a roupa, só percebi que aconteceu. tudo em sequência. a maluquice foi ter achado que isso tudo é argumento o suficiente pra aparecer com texto e reflexão, ora vejam só... realmente preciso de motivo pra vir aqui?

reprise

em passos rápidos, o vejo ao longe. ele ainda não sabe que está andando em minha direção, já que não me viu. sempre numa andança ligeira, o mundo ao seu redor parece estar em outra velocidade. — pode ser culpa da ansiedade, mas é provável que seja porque conhece o chão que pisa, e até quando não conhece, age como se soubesse. eu tenho essa impressão equivocada de que talvez ele realmente conheça todos os lugares do mundo. — e aí quando me vê, acena. há vezes em que o faço primeiro, mas como gosto de olha-lo, me deixo demorar por um curto instante. 

uma carta enviada

li em algum lugar que "coisas que não levam a nada são importantes", me pergunto o que importaria você saber disso agora. provavelmente nada. talvez eu esteja tornando mais difícil do que realmente deveria ser, mas o que eu tenho a perder? das coisas que eu nunca te disse, essas são as que mais me perturbam. 

a poesia na conquista de seu amante (você)


Dead Poets Society (1989)
esse ano eu tive contato com muitos poemas. não era a minha primeira opção de consumo em arte, mas não por desgostar ou por falta de interesse, era um não conhecer. o meu primeiro contato (verdadeiro e interessado) foi com os poemas da Larissa Fonseca. meu impulso foi regado pela poesia dela. aos poucos ia percebendo os versos, as nuances... nos momentos em que abria para lê-los percebia que havia uma sensibilidade (poética) que eu precisava desenvolver mais. também precisava de um chute na canela (metafórico).

2 anos de estranho peixe, voltando à terapia e falhas de código

depois de 4 meses sem sessões, ao voltar a frequentar a terapia, a psicóloga novamente me diz: pensamentos surgem aos montes numa mente ansiosa e a grande maioria deles não é verdadeira. a ficha finalmente caiu quando me deparei recentemente com 3 textos no quais discursei furiosamente sobre coisas que no dia seguinte já não me representavam mais. a propósito, feliz aniversário para o estranho peixe. as falhas no código do blog tem a ver com tudo isso. 

selfies, Sylvia Plath e conexões forçadas

A autora Sylvia Plath sorrindo ao ar livre.
nem sempre tive problemas com minha própria imagem. pensar sobre isso se tornou recorrente há alguns anos, principalmente quando decido renovar fotos de perfis virtuais. seja uma imagem em reflexo de espelhos ou fotografias, vai muito além de achar desagradável esteticamente ou não, é sobre não conseguir me reconhecer. parecem seres completamente diferentes, de nomes e personalidades distintas. todas as vezes. olho para um retrato que fiz de mim mesma e observo espantada uma registrada por outro olhar que não o meu. quem é essa pessoa? 

um date em Pânico

depois de um grande sim, eu aceito, me encontrei em uma sala escura de cinema. era óbvio que provavelmente a única pessoa que assistiria um filme de terror e comigo, seria ela. quem mais o faria? o fato é que o filme não é lá algo romântico, tampouco provindo da caixinha de obras de horror aclamadas atualmente, como os filmes do Jordan Peele (Run, Us, e, inclusive esse ano sai Nope), O Babadook, Hereditário, A Bruxa, Invocação do Mal, Corrente do Mal, etecetera e etecetera. são ótimos (exceto por esse último que creio na falta de noção que se deu), mas então quem, em sã consciência, assistiria ao meu lado mais uma sequência saturada de filme trasheira violenta e pagasse por isso?

retalhos de janeiro


sonhei de pés no chão. um sonho claustrofóbico e desconfortável. de caminho hipnótico, alucinante. despertando e apagando pra continuar. aqui dentro ou aí fora, não faz diferença, todos os lugares remetem a um baú fechado, ela me diz. acredito nela. bebi um chá de camomila com leite, de manhã. conheci minha primeira autora argentina, lendo seu morra, amor. por uma noite, pertenci à mente daquela mulher sem nome. agora, ariana harwicz é alguém que preciso observar os passos. 

pequenas felicidades

notei, ao olhar o pote de jambos vistosos à minha frente, que tinham sido escolhidos com carinho e a dedo. havia uma expectativa em seu olhar que me observava a expressão. trouxe da feira, na qual foi logo cedo.  ao perceber o miúdo gesto corriqueiro de sábado ou domingo, mergulhei profundamente em seus olhos e agradeci, sorrindo brilhante como as frutas. colhendo jambos do pará em potes de plástico rosa, plantei sementes de gratidão no coração agora amolecido de meu pai. era de se esperar que as felicidades, de tão pequenas, de tão rotineiras, mal eram observadas.

sobre blog, escrever e eu já nem sei mais

seria ótimo prever o futuro. tá aí um negócio que, vez ou outra, gostaria de fazer. poder dar uma boa olhada no que eu me tornei. só uma. a imprevisibilidade é instigante, mas se perder no dia após dia até chegar em grandes eventos da linha do tempo, só considero bom de vez em quando. aliás, o final eu já conheço. nem me fale de arrogância, pois imortalidade infelizmente não é o meu super poder. hipoteticamente, gostaria de ser imortal? não. queria era poder olhar, só um pouquinho, o futuro.

oxe, baby: um caderno de poemas secretos, por Elayne Baeta

lá vem eu de novo, falar sobre ela. desde que o livro foi anunciado meu coração vibrava de felicidade e o estômago também, em ansiedade. teria comprado na pré-venda, com aqueles muitos brindes, se não fosse aquelas fotos todas estampando o rosto dela. fiquei com vergonha e com medo. no entanto, publicado pela Editora Record, no ano de 2021, finalmente li, em 2022, Oxe, Baby, o primeiro livro de poemas da Elayne Baeta.

retrospectiva: leituras de 2021

o ano passado se mostrou quase impossível de ser uma terra fértil pra novos livros cultivarem sentimentos de escape em mim. afinal, manter o foco e a cabeça aberta a novas experiências não foi fácil, inevitavelmente ocasionou minhas primeiras releituras da vida (e já adianto que foi incrível). apesar dos apesares, consegui aproveitar bastante num geral e trago este saldo de 2021, pra quem se interessar. com ajuda do skoob e do goodreads, vamos a elas! desconsiderem a ordem que foram colocados. <3

tudo e nada sobre 2021

é particularmente engraçado (se não irritante) como pensamentos conseguem envelhecer tão mal e em pouquíssimo tempo. planejei falar no final do ano passado (2021), tipo um pronunciamento. é como a ansiedade gosta de fazer parecer. um evento. planejei mesmo, do tipo escrever com antecedência e tudo mais. deixar o guardar-se na caixinha de rascunho o momento certo. no entanto, esse lapso de tempo simplesmente não veio, ou talvez tenha até existido, mas nada importava já que os dizeres não faziam mais sentido. não era mais uma questão de ter ou não ter as palavras certas.