tudo e nada sobre 2021

é particularmente engraçado (se não irritante) como pensamentos conseguem envelhecer tão mal e em pouquíssimo tempo. planejei falar no final do ano passado (2021), tipo um pronunciamento. é como a ansiedade gosta de fazer parecer. um evento. planejei mesmo, do tipo escrever com antecedência e tudo mais. deixar o guardar-se na caixinha de rascunho o momento certo. no entanto, esse lapso de tempo simplesmente não veio, ou talvez tenha até existido, mas nada importava já que os dizeres não faziam mais sentido. não era mais uma questão de ter ou não ter as palavras certas.

mas, sobre esse ano que passou, queria dizer que fiz e desfiz passos que nem eu sabia que poderia dar. digo que realizei sonhos, mas são tão pequenos aos meus próprios olhos que não valeriam mencionar. ainda digo mais, houveram grandes momentos mágicos que tive ao lado de pessoas que jurei nunca mais me proporcionarem felicidades. 

vivo no passado? celebro progressos? relembro memórias? do que isso tudo adianta, afinal? 

eu queria não ter um diálogo existencial com o meu próprio texto todas as vezes (esse é o ponto, sempre. e quem me lê já deve tá cansado de saber). isso sempre me faz questionar minhas próprias motivações pra viver escrever. escrevo porque me sinto perdida? escrevo porque não encontro respostas? provavelmente, é por causa das férias da terapeuta. tentarei não procurar outros motivos, por enquanto.

qual problema emocional que 2 horas de som de chuva tocando não possam resolver? *contém ironia*

li um conto da Clarice Lispector ontem que se chama Obsessão, foi um dos primeiros contos que ela escreveu e meu deus. do. céu. obcecada seria eu se não falasse sobre ele aqui. matava ou morria.  

e me vi em mais de um sentimento, em mais uma orquestra de personagens que sofrem de desilusão, auto ódio e tristeza.

"Oh, sei que me repito, que erro, confundo fatos e pensamentos nesta curta narrativa. No entanto, mesmo assim, com que esforço reúno seus elementos e lanço-os sobre o papel. Já disse que não sou inteligente, nem culta. E sofrer apenas não basta."

mesmo doentia, intensa, quase obscura a forma como as coisas se dão nessa leitura, Clarice consegue, de alguma maneira, dar seu grande olá pra mim.

"Tudo lhe perdoo, tudo perdoo aos que não sabem se prender, aos que se fazem perguntas. Aos que procuram motivos para viver, como se a vida por si mesma não se justificasse." 

se ela disse, tá dito.

a minha relação com a Clarice é de longa data, porém não muito aprofundada. desde a primeira vez que me aventurei em imprimir páginas aleatórias de contos lá na minha pouca idade, me apaixonei perdidamente pela lábia dessa mulher. se houvesse uma senhora inspiração eu diria que provavelmente fora ela. o gosto pela escrita e a graça de se dançar com as palavras em mãos nasceram na lida demorada de Felicidade Clandestina, O Primeiro Beijo e o Restos de Carnaval. particularmente fico feliz de ter os lido quando ainda menina. e aí, inesquecível como ela consegue ser, nunca deixei de pensar que precisava mesmo estreitar nosso contato.

e de novo, aquele negócio batido que eu tanto falo de ler as coisas na hora certa. os livros aparentemente nos chamam. nesse caso, a própria escritora me sussurrava contida. tenho essa mania torta de priorizar sempre, sempre, sempre o que não me chama atenção primeiro, como se temesse intuição. como se temesse felicidade. foi então que, decidi, vai ser Clarice e pronto. arrisco a dizer e confirmo que foi a primeira decisão acertada de 2022. favor, ignorar o erro que foi tentar ler IT: a coisa, de novo, em mais um outubro. talvez o problema esteja por aí em algum lugar da frase. no outubro, no ler, no tentar. fica aí o questionamento e o livro, por enquanto, no abandono.  

e voltando, se eu manter essa energia positiva de acertos daqui pra frente quem sabe não serei uma pessoa feliz com desenhos nos braços, formada (eu imploro), com emprego numa livraria, um cantinho só meu, tendo meus amigos mais perto do que nunca e o mais longe possível de gripes por aí? sorte seria não ter uma crise aos 25 anos e ser madura o suficiente pra lidar com as coisas que a vida me proporciona (não envolvendo nenhum plano citado aqui). é verdade que me permiti fazer planos e não ria. acrescento que quero ler mais livros físicos esse ano. eles que sempre olham tristonhos, quando abro o leitor. 

aqui vai uma pequena prova de que o tcc-documentário existe, resiste e que continua em andamento, mas com a fé no pai que esse ano sai. comentei sobre isso aqui.


não somente de passado e futuro se faz uma nicole, trago uma presente tristeza que é a de não poder comer pipoca, pois estou com alguma síndrome gripal da qual não conseguirei precisar o nome. vamos assumir que é apenas gripe, no momento. desde o natal que tô assim, tossindo e espirrando pelos cantos (sem contar que não faz tanto tempo que saí de uma outra gripe). triste & triste por não poder comer pipoca ou tomar bebidas geladas.

a única coisa que 2022 me faz pensar é na festa de 30 dias que eu vou fazer quando você-sabe-muito-bem-quem sair do poder. estou tentando me manter positiva em relação a isso, já que não dá pra confiar e etc, tudo pode acontecer. no entanto, fazendo a playlist desde já. 

a propósito, feliz ano novo.⭐ 

2 comentários:

Lola Hurricane disse...

Feliz Ano Novo!
Assim como você tenho muitas idéias na cabeça, as vezes estão até amarradinhas, mas deixo meus afazeres roubarem meu tempo de escrever, ou pra ser sincera, as redes sociais. Em 2022, no more!

Beijinhos,

Lola Hurricane
www.lolahurricane.blogspot.com

nicole e. martins disse...

feliz ano novo, lola :) ai tão ruim quando isso acontece, né? espero ter essa força de vontade em 2022 também!! beijoo