retalhos de janeiro


sonhei de pés no chão. um sonho claustrofóbico e desconfortável. de caminho hipnótico, alucinante. despertando e apagando pra continuar. aqui dentro ou aí fora, não faz diferença, todos os lugares remetem a um baú fechado, ela me diz. acredito nela. bebi um chá de camomila com leite, de manhã. conheci minha primeira autora argentina, lendo seu morra, amor. por uma noite, pertenci à mente daquela mulher sem nome. agora, ariana harwicz é alguém que preciso observar os passos. 

pequenas felicidades

notei, ao olhar o pote de jambos vistosos à minha frente, que tinham sido escolhidos com carinho e a dedo. havia uma expectativa em seu olhar que me observava a expressão. trouxe da feira, na qual foi logo cedo.  ao perceber o miúdo gesto corriqueiro de sábado ou domingo, mergulhei profundamente em seus olhos e agradeci, sorrindo brilhante como as frutas. colhendo jambos do pará em potes de plástico rosa, plantei sementes de gratidão no coração agora amolecido de meu pai. era de se esperar que as felicidades, de tão pequenas, de tão rotineiras, mal eram observadas.

sobre blog, escrever e eu já nem sei mais

seria ótimo prever o futuro. tá aí um negócio que, vez ou outra, gostaria de fazer. poder dar uma boa olhada no que eu me tornei. só uma. a imprevisibilidade é instigante, mas se perder no dia após dia até chegar em grandes eventos da linha do tempo, só considero bom de vez em quando. aliás, o final eu já conheço. nem me fale de arrogância, pois imortalidade infelizmente não é o meu super poder. hipoteticamente, gostaria de ser imortal? não. queria era poder olhar, só um pouquinho, o futuro.

oxe, baby: um caderno de poemas secretos, por Elayne Baeta

lá vem eu de novo, falar sobre ela. desde que o livro foi anunciado meu coração vibrava de felicidade e o estômago também, em ansiedade. teria comprado na pré-venda, com aqueles muitos brindes, se não fosse aquelas fotos todas estampando o rosto dela. fiquei com vergonha e com medo. no entanto, publicado pela Editora Record, no ano de 2021, finalmente li, em 2022, Oxe, Baby, o primeiro livro de poemas da Elayne Baeta.

retrospectiva: leituras de 2021

o ano passado se mostrou quase impossível de ser uma terra fértil pra novos livros cultivarem sentimentos de escape em mim. afinal, manter o foco e a cabeça aberta a novas experiências não foi fácil, inevitavelmente ocasionou minhas primeiras releituras da vida (e já adianto que foi incrível). apesar dos apesares, consegui aproveitar bastante num geral e trago este saldo de 2021, pra quem se interessar. com ajuda do skoob e do goodreads, vamos a elas! desconsiderem a ordem que foram colocados. <3

tudo e nada sobre 2021

é particularmente engraçado (se não irritante) como pensamentos conseguem envelhecer tão mal e em pouquíssimo tempo. planejei falar no final do ano passado (2021), tipo um pronunciamento. é como a ansiedade gosta de fazer parecer. um evento. planejei mesmo, do tipo escrever com antecedência e tudo mais. deixar o guardar-se na caixinha de rascunho o momento certo. no entanto, esse lapso de tempo simplesmente não veio, ou talvez tenha até existido, mas nada importava já que os dizeres não faziam mais sentido. não era mais uma questão de ter ou não ter as palavras certas.