cada vez mais confusa

Phoebe Bridgers, Punisher (2020)
qualquer tarefa simples tem me drenado energia como se fosse um furacão. energia essa que tem me custado muito pra guardar. energia emocional, sei lá. ás vezes, ou melhor, na maioria delas, considero difícil explicar esses negócios abstratos do coração. talvez devesse pôr o sentimento pra dormir, mas como embalar o coração?

repensar as coisas é quase involuntário e se eu pudesse nem me daria o trabalho. é cansativo. como lido, como ajo, como processo, como concluo. é uma grande montanha russa, sinceramente, parar e refletir sobre essas questões que me parecem tão naturais. no que toca a isso, não são tão naturais assim. embora nem sempre dê pra parar, só refletir e nem sempre realmente refletir, apenas pensar à respeito delas, ainda assim é difícil olhar de maneira questionadora pra si.

coisas que ninguém me pediu pra fazer, mas acabo fazendo mesmo assim, involuntariamente, como já disse. sinceramente é um trabalho desgastante, angustiante até. 

Love Exposure (2008)
ando com essa ideia de que preciso ser minha própria ouvinte, já que não há outra pessoa que o faça, ou que tenha essa obrigação de fazer. não é isso que a minha ex-psicoterapeuta espera? que eu tenha conseguido lidar com os problemas que a minha cabeça cria?

até onde eu mudei? até onde as coisas são consequências de ter vivido na pandemia? até quando vou continuar me surpreendendo com as minhas versões? 

Picnic (1996)
não necessariamente questões existenciais e tampouco de expectativa negativa, me faço perguntas como essas pra me provocar. sempre com medo de perder o calor pela vida, de me interessar pelas coisas, de não sentir vontade de me vulgarizar. 

sinto necessidade de sentir que a minha existência fez sentido naquele momento que fiz outra pessoa sorrir. aos poucos também aprendo a não me negligenciar, a não precisar de outras pessoas pra me fazer gente, afinal não sou extensão de ninguém. preciso das conexões, de estar inteira nelas.

cada vez mais confusa, ainda que um pouco mais segura de mim e deixando acontecer como a maioria dos meus processos: sem paciência, caótico, não linear. ✷

vida de plástico, sonhos de vidro

nunca lembro dos detalhes de um sonho. seria compreensível que de pesadelos a minha memória guardasse o máximo e com cuidado, mas nem assim. há três noites seguidas que pesadelos invadem o meu sono. esse que já me é tão precário, tão leve. espero que de brincadeiras a minha mente se faça e que não sejam, nem antecipem maus presságios.

it used to be me

quando viro a chave e abro a porta, todos os sons se dissipam. esse é o dado momento em que percebo os estragos que a vida me fez. o cansaço recai sobre os ombros. a memória já não está tão bem exercitada. não tenho encarado meu reflexo no espelho. o choro agora sai com dificuldade. aquele hematoma que não sara, aqueles calos que não secam. quem é essa que vive dessa maneira, toma esses tipos de decisões e se machuca a cada passo dado?