31 de jan. de 2025

anedotas sobre vícios, instagram, ansiedades e sumiço

existem coisas que só se dizem na terapia, é o que ouvi por aí... na coragem ou na burrice de expor fragilidades, às vezes, vale a pena o risco. faz anos que deixei o tratamento, então acho que, o momento de falar é quando se julgar o melhor. é a forma como tenho lidado sozinha com as coisas, com os meus problemas. decidi que será agora. ninguém melhor do que eu mesma pra entender, sentir e contradizer as coisas que falo, nem sempre. vamos lá.

comecei a leitura de um livro em dezembro do ano passado. nesse momento tô caminhando pro final, sinto um clima de despedida. depois de um longo ano sem conseguir terminar um livro sequer, tô bem emocionada e realizada por estar conseguindo. 

quem já esteve por aqui antes, sabe que gosto muito de ler. não que eu tenha parado com leituras no geral, já que visitei mangás e alguns quadrinhos, mas a questão é ter permanecido no estado de querer muito, mas não conseguir sair da primeira página dos livros. ainda permanecem parados juntando poeira e ansiedade, mas sair desse ciclo e ter de volta o sentimento de realização é muito bom.

a solução foi ter decidido dar um tempo do instagram. foi como sumir de todas as redes sociais, já que não uso mais nenhuma com frequência. vão fazer dois meses que excluí o aplicativo do celular. foi a melhor decisão pra minha saúde, ainda que eu tenha me sentido muito mais distante das pessoas, muito mais alheia ao mundo. se é bom ou ruim, fica a critério de quem decide. sinto das duas maneiras. sendo um alívio não estar mais cronicamente online e poder dar lugar a milhares de hobbies possíveis. ao mesmo tempo, sentir que você não existe mais, que literalmente desapareceu, pois ao que parece, o virtual é o atual verdadeiro mundo real.

para além de vício, ansiedade e perca de tempo, havia também a necessidade de aprovação, exposição desnecessária e preocupações imaginárias com imagem. algumas questões na minha vida foram de encontro a esse sentimento crescente de auto sabotagem dentro de mim e foi se tornando uma bola de neve. ter deixado o instagram me trouxe mais tempo com o tédio, a ansiedade e a solidão. parece péssimo, mas era o que eu precisava fazer. 

não foi tão fácil, mas também não foi o fim do mundo. antes de tomar essa decisão já vinha percebendo outros vícios na minha rotina. bebida, fumo, pessoas. eu sentia uma necessidade de honestidade comigo mesma. dar um tempo de tudo lá fora. viver um dia de cada vez, sentir o tempo passar, aqui dentro. dentro do meu quarto. foi gradativo, um vício por vez, porém alguns sendo substituídos por outros. esses últimos sendo menos prejudiciais. ninguém é perfeito.

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exemplos de vícios saudáveis, porém depende: mass of the fermenting dregs e kinoko teikoku (ambas bandas japonesas, com vocais sonhadores e bastante guitarra distorcida), mangá de Yowamushi Pedal, trilha sonora de NANA, playlists inspiradas em BLAST e TRAPNEST (bandas fictícias do anime de NANA), assim como playlists inspiradas em personagens de NANA, rs. canal da eva, cuidar dos meus cactos, quebra-cabeças de 500 peças, barras de chocolate hershey's, her code touch (perfume-para-o-qual-estou-economizando-para-ter-mais-do-que-10-ml da boticário) e etc. 

viajando na ideia de como seria sentir essa energia pessoalmente, já que ouvir bem alto me deixa toda arrepiada
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numa busca desesperada por conforto, acalanto e companhia (precisava aprender a conviver comigo) transformei meu quarto num porto seguro. tenho esse sonho distante de trabalhar com direção de arte, mas nunca olhei com carinho para o meu próprio cantinho. aos poucos vou tornando-o um lugar do qual não vou querer sair. no entanto, 2024 foi um ano em que fiz algumas viagens de trabalho, de cursos ou para congresso. guardei no canto do meu coração uma paixão por conhecer lugares, pessoas e da possibilidade de me perder estando longe de casa. nascendo a vontade de realizar uma sozinha, só pra saber como seria. 

cá estou eu novamente, questionando verdades absolutas, abrindo caminhos dentro de mim. com uma necessidade de auto conhecimento, de evolução como ser. de me sentir um ser que vive, independente de onde esteja, se só ou acompanhada. se dentro do meu quarto numa sexta-feira a noite, lendo um livro ou estando num bar insalubre, de uma cidade aleatória, em uma madrugada qualquer. lidando com as consequências das minhas próprias escolhas, triste ou feliz, por ter ido ou por não ter ido. assim que se vive, acredito. 

engraçado que
quando entro na espiral de pensamentos introspectivos, sempre caio numa longa crise existencial. queria poder dizer que quando ela passa volto a saber quem sou e quais eram meus objetivos que almejo alcançar, mas nunca é assim. geralmente, não consigo achar o caminho de volta pra quem eu costumava ser. não necessariamente numa versão melhor ou pior, mas de fato, diferente da anterior.

antes que eu comece a discorrer mais um pensamento-negativo-&-auto-depreciativo, vamos encerrar por aqui.

em um domingo perdido do ano passado encontrei papéis e cadernos cobertos por poeira. como num flashback de um filme melancólico, lembrei dos dias que sentava e escrevia. não sei onde essa necessidade que me era tão inerente foi parar. quanto tempo demorei pra notar que já faz um ano que estive aqui? no ano que passou muitas coisas aconteceram. não me cabe aqui falar sobre elas, mas talvez eu volte a velhos hábitos.

Um comentário:

Snow ★ disse...

Nicolis! Oiê!
Lendo esse texto me lembrei de como gosto dessa sua maneira de condensar o que se passa contigo e para não querer analisá-lo muito só deixo a minha estada por aqui e que esses velhos hábitos seus não sejam nocivos :)

Eu estou me livrando dos meus ;u;