Quebrando a minha própria regra de trazer apenas jogos levinhos que dê pra rodar numa cafeteira, trago Journey, um jogo indie desenvolvido pela Thatgamecompany pra PlayStation 3, 4 e PC (Windows). O jogo tava me implorando pra ser comentado, porque além de toda atmosfera misteriosa, Journey te faz refletir, se emocionar e chorar um pouquinho, se você for sensível como eu.
E sim, quebrei a regra, pois pude jogar no videogame do meu irmão - afinal, no meu pc não roda rs.
Você é um ser encapuzado numa veste vermelha e está sozinho em um deserto. Você não sabe o que fazer, nem pra onde ir. Então, numa decisão lógica - você julga ser a mais lógica -, segue caminhando pelas milhares de dunas de areia para, quem sabe, chegar a algum lugar. E é assim que o jogo começa.
Na maior parte do tempo, você não entende o que tá acontecendo. O jogo te coloca dentro do cenário e você que se vire, literalmente. No máximo, ele te diz que botão usar e só. Você anda por aí e tudo parece não dar em lugar algum, até que você começa a ver ruínas e construções esquecidas pelo tempo. Também não significa que você vai poder interagir com elas.
Uma coisa é certa, havia uma montanha no horizonte que tinha um brilho no topo e eu sentia no meu coraçãozinho, que meu objetivo era chegar até lá. E foi o que fiz.
No entanto, como um jogo como esse seria considerado bom?
A Jornada
Depois de um tempo seguindo sozinho, de repente, alguém como você, tipo igualzinho mesmo, aparece. Então, quando você menos espera surge a possibilidade de enfrentar tudo com um amigo, que não tem nome, nem rosto e que nem se pode conversar. Não há competição entre vocês, apenas amizade, companheirismo e anonimato. Foi uma das coisas mais legais e bonitas do jogo.
Realmente, há jogos em que não se faz necessário saber de cabo a rabo da história. Apesar de ser um dos motivos pelo qual perco horas do meu precioso tempo jogando. Journey é um exemplo de que a narrativa pode ser substituída pela experiência, pois os momentos que são criados ali é o que importa. E você só consegue entender a mágica disso, enfrentando todo o percurso pra chegar no seu destino. Foi impossível pra mim não se comover com tudo que o personagem sentia ao ultrapassar os obstáculos, principalmente no final, que foi quando eu realmente chorei e nem nego.
Jogos também podem ser obras de arte?
Como você provavelmente já leu o título desse texto, não é nenhuma surpresa se eu disser que me emocionei. É de longe um dos jogos mais marcantes que joguei na vida. Tenho que concordar com a Marcia, do podcast Marcia Effect Falando (@trostes no twitter), pois diz que esse jogo é uma personificação do belo. Que games também podem ser verdadeiras obras de arte. E arte aqui, não somente visual, mas que evoca sentimentos profundos e genuínos, de forma muito particular de cada pessoa. No caso de Journey - e na minha experiência - é incrível a forma como essas emoções podem ser geradas mesmo sem um entendimento completo do que se está consumindo. É bonito demais e não sei nem explicar.
Os jogos, de forma geral, se ligam totalmente a um dos conceitos que diz respeito á arte, que é o de gerar reações, emoções diversas. Seja tristeza, raiva, felicidade, frustração, indignação e até mesmo reflexões. Digo que jogos podem sim ser considerados obras de arte, dependendo de seu intuito, de seu objetivo, da sua capacidade de gerar impacto.
A graça das obras de arte é que não há um consenso sobre as várias interpretações que se pode ter sobre elas.
Percebo que as nossas próprias questões humanas são muito mais presentes no jogo do que a gente imagina. Pense comigo, a vida é feita de coisas que precisamos fazer, lugares que temos necessidade de ir, caminhos que precisam ser escolhidos. Existem regras, pois o mundo é regido em normas. E existem pessoas que nos acompanham nessa caminhada, elas podem ficar ou estarem só de passagem. Se temos um objetivo na vida, sabemos que haverá obstáculos diversos, dificuldades várias e que só será alcançado se você não desistir. Pra mim, Journey, é sobre isso.
Link para comprar o jogo na steam.
4 comentários:
oi!!
eu gostei muito de como tu falou que geralmente recomenda jogos "que podem rodar em uma cafeteira" pois pra mim, achar jogos que não sobrecarregam e explodem meu pc é muito difícil. entendo que journey seja a exceção, mas gostei muito de saber esse fato e vou ver as outras resenhas do teu blog!
concordo muito sobre obras que se tornam arte por si só, sem início ou fim. nunca joguei journey, mas fiquei curioso com a tua interpretação. minha irmã mais nova jogou, eu vi ela jogando e não entendi por que alguém estava jogando um jogo que se baseava em... andar. mas é isso: a jornada também significa algo. ninguém caminha só por caminhar. estamos tão focados no objetivo que esquecemos de simplesmente aproveitar a jornada.
fiquei pensativo te lendo, e adorei a experiência. gostei muito do teu blog!
até mais <3
oii joão victor! entendo você completamente, eu sou muito defensora de joguinhos leves, pois eles tem potencial demais e deixam o pc INTACTO. quero trazer mais resenhas e indicações desses que funcionam em torradeira, cafeteira, batedei...
também penso assim! acho que existem jogos que dão espaço pra gente prestar atenção em outras coisas além do objetivo, sabe? não que esse tipo de jogo seja melhor ou pior, mas acaba permitindo esse nosso estado quase contemplativo das coisas. talvez eu tenha errado muito na interpretação aksjaks mas nem ligo, foi emocionante.
adorei seu comentário aaaa e brigada!!
até <3
Logo na madrugada eu pego para ler essa postagem, e como ela trata de deserto e eu tô empacada numa produção que envolve deserto, achei digno ler e comentar algo a respeito e- Journey acaba de entrar para a minha seleta lista de "jogos que espero um dia ter a chance e capacidade de jogar" já que um, eu não jogo, dois, não tenho por onde jogar e três, as vezes encontro resenhas tão bonitas que me fazem querer sentir a experiência. Então ao lado de GRIS e Celeste, se encontra esse jogo.
Sem contar que agora eu sei de onde as fantars que eu encontrava no pinterest vinham, a-há!
Pelo que pude entender do seu ponto de vista o jogo se trata de uma peregrinação, que muitas vezes é associada ao deserto onde os homens vão em busca de iluminação ou algo ainda nesse sentido, e poder ver um jogo tratando disso chega a ser melódico. Tira a estética que normalmente vejo em jogos e traz algo maior, algo belo e profundo e isso acompanhado desse visual é de tirar o fôlego, realmente!
Obrigada pela sua resenha Nicole, me mostrou que ainda há jogos intrigantes por aí (já que eu pouco me interesso em procurar :B)
Abraços,
Snow
acho ótimo ter uma lista dessa, afinal, a vida é muito curta pra perder tempo fazendo coisa que nem nos interessa, né? GRIS e Celeste são jogos que eu adoraria jogar também, mas infelizmente meu pc não é o suficiente pra eles :')
e que bom que a resenha te serviu pra algo, fico feliz que tenha encontrado a fonte das fanarts bonitas aaaa
adoro o fato de não ter ideia do que o jogo tá querendo me dizer, mas ele - mesmo assim - conseguiu me emocionar. achei mágico e por isso tentei vir aqui falar sobre ele. vou puxar sardinha um pouco mais e te dizer que existem jogos que podem ser especiais só pra gente, sabe? existe tantos e ás vezes, tem aquele que tá só esperando por nós. acredito demais no potencial dos jogos.
obrigada Snow, por vir aqui mais uma vez! e boa sorte com seu projeto no deserto, espero que encontre o caminho, abraços <3
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