são sete e meia. acordo de súbito, mas com preguiça ou não, levanto. arrumo a cama. vou pra cozinha. dou play e deixo o In Rainbows tocando no celular enquanto lavo a louça, varro a casa, pego as roupas secas do varal, dobro e guardo tudo. finalmente tomo meu banho e já são quase nove quando faço um café gostosinho pra passar mais um dia em casa. ligo o computador, abro os portais de notícias e sou instantaneamente bombardeada com quarentena, covid-19, pandemia, corona vírus, auxílio emergencial, genocidas, oms, desemprego, fome, cloroquina, cura e....ufa, quanto fôlego.
essa tem sido a minha rotina desde que percebi que precisava de uma nova.
não tenho parado de ler reportagens um dia sequer depois que a bomba da pandemia estourou e o isolamento começou a ser inevitável. tem que ser muito masoquista e desprover de amor pela própria saúde mental pra fazer isso, né? bom, tenho lido o bastante pra ter consciência que a minha situação é bem confortável. e nem preciso ler tanto assim pra saber disso. tô quietinha na minha casa, na qual não faltou comida nenhuma vez e isso já é muito. pra não dizer o básico de que todo mundo deveria ter.
algumas coisas tem me salvado do ápice da loucura, depois de mais de um mês em isolamento total com a minha família. logo, aqui deixo o registro dessas minhas luzes no fim do túnel da quarentena. as quais resolvi resumir em somente musiquinhas, mas que fique claro aqui que outras coisas também tem me mantido sã, seja um canal legal, um podcast muito daorinha, uns livros chiques, umas maratonas de filmes amorzinho (outros nem tanto) e umas fatias de melão fresquinho. no entanto, por agora, é isto.
essa foi a minha escolha sincera de discos que tenho ouvido constantemente nesses dias de isolamento, mas se tratando de mim, obviamente continuo patinando por outras coisas, playlists, clipes e recomendações. e aceitando mais. utilizando gíria pernambucana pra me definir mais uma vez, sou bem fominha de novidade. isso não significa que seja contemporâneos, tampouco decrépitos. só conteúdos bons demais pra engavetar (ou não).
_luzes_
the new abnormal_the strokes_álbum
desde que conheci essa banda a conexão se manteve cada vez mais forte ao longo do tempo. seja graças ao gosto pela guitarra arranhada do rock noventista ou a voz rouca do Julian, o amor só cresceu. foram sete anos desde o último álbum e essa foi uma longa espera. então, o mínimo que se poderia ter feito era colocar uma boa dose de The Strokes, e enfatizo o boa, pois nove músicas não me foi satisfatório de maneira alguma.
nove músicas é pouco demais. eu sou uma pessoa que precisa das necessidades devidamente supridas. se tem uma coisa que eu gosto é de ser inteiramente preenchida pela sensação do meu desejo realizado. e isso é um problema meu, é claro. ou de toda a espécie humana, talvez. ao mesmo passo que eu sei que isso faz parte de mim, e por consequência, me torna um pouco mais exigente, essa demanda interna me devora por dentro toda abençoada vez que me desponho a ouvir The New Abnormal. e me certificar de ter apertado o repeat se tornou um carma. uma vez não basta. não é um álbum completo e isso me deixa irada demais, mas isso é um ponto de vista meu. lembrando.
me peguei pensando se talvez não seja nada disso e eu tenha gostado tanto que não consigo parar de ouvir. óbvio que vou excluir essa parte do texto, pois vai estragar meu argumento. ou melhor, vou deixar, por que não to tentando construir uma reputação usando a minha carteirinha de crítica cult da indústria musical. sou só eu e isso significa opniões suscetíveis a mudanças constantemente.
achei bem díficil fazer uns destaques das músicas que mais gostei. o álbum é tão curtinho que não senti que valeria a pena. afinal, cada um com seus critérios. ufa, foi quase um review, mas agora acabou.me peguei pensando se talvez não seja nada disso e eu tenha gostado tanto que não consigo parar de ouvir. óbvio que vou excluir essa parte do texto, pois vai estragar meu argumento. ou melhor, vou deixar, por que não to tentando construir uma reputação usando a minha carteirinha de crítica cult da indústria musical. sou só eu e isso significa opniões suscetíveis a mudanças constantemente.
spotify | youtube
soft sounds from another planet_japanese breakfast_álbum
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petals for armor I e II_hayley williams_álbum
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da lama ao caos_chico science_álbum
não vou dizer que conheço bem a cena musical do meu estado, pois não conheço mesmo. tenho tentado me educar, ouvir mais da minha região e tentado valorizar o que eu nem sabia que gostava tanto. tenho começado a buscar e inclusive, fazer descobertas interessantes sobre mim mesma. não é simples não. é muito nome e pouco tempo pra pouca eu. contudo, tenho aos poucos construído um acervo meu de nomes para pesquisar mais e enfim. Chico Science & Nação Zumbi, enquanto precursores do manguebeat - termo que eu nunca tinha ouvido falar na vida - me fizeram dançar a beça e pensar um bocado. amo discos que tem algo de interessante a dizer. Da Lama Ao Caos conseguiu de certa forma abrir meus olhos pra um cenário que tava bem ali e eu nem dava atenção. me deu corda pra literalmente correr atrás do prejuízo e conhecer essa música organicamente pensada e produzida em prol de algo muito maior. é isto, valorizem a cultura local. tão bom quanto tantos por aí.
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in rainbows_radiohead_álbum
e por último, não obstante a sua importância, de vez em quando volto a ouvir um dos meu álbuns favoritos da vida, só pra ter o gostinho de esquecer e relembrar novamente. desde que conheci o Radiohead, lá em 2016, eu escuto essa belezinha. quando comecei a me entender como admiradora do trabalho da banda penso que é meu dever espalhar a palavra desta bíblia denominada In Rainbows e é bem isso que vai acontecer. não aqui. não agora. e por que não atribuir a esse disco uma parte do crédito de me manter calma durante esse momento tão complicado? com certeza, ele tem se mantido presente na minha vida nos mais diversos altos e baixos. e como o jovens dizem, gratidão.
spotify: disk 1, disk 2 | youtube
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