12 de set. de 2021

é tempo de formigas #3: o retorno


acho que por algum motivo as formigas sabem que ando precisando de companhia. elas ouvem meus monólogos solitários em voz alta (e porquê não entusiasmados?) sobre literalmente qualquer coisa, e pensam, "hummm, é isso aí galera. vamo dar uma forcinha pra humana.

é muito verdade que ando sentindo falta de umas aglomerações saudáveis e despreocupadas, mas acho que não fui específica o suficiente, digo, sinto falta de observar grupos da minha espécie. as formigas muito assertivas juraram que são muito-bem-vindas-obrigada no cubículo em que costumo ter paz e tranquilidade. seguem tendo o descaramento de festejar depois de um sábado inteirinho que dediquei á faxina da estante de livros  a qual elas nomearam sabiamente de salão de festas. 

reflito sobre a fila de formigas subindo a estante e reaparecendo entre as frestas dos livros, com um grande pesar de que, novamente, serei a vilã. é engraçado perceber que nesse momento a persistência delas me admira. acho que ser formiga deve ser muito difícil com todo esse trabalho de ir e vir, com tanta pressão sobre casa própria (e ainda assim no risco de serem atacadas e mortas a qualquer momento), é dureza. 

acho que não é muito diferente dos percalços em volta dos pilares da vida humana. a minha vida acontece bastante no ponto de ônibus, se vocês não perceberam (estou confirmando agora). era tarde da noite quando esperava o qual me levaria pra casa. ouço a voz de uma senhora que falava e chorava alto quase não dando pra entender. "levaram minha casa, me botaram pra fora." ela sentou quase perto de onde eu a observava e continuava, "levaram minha casa". acho que não importa bem o motivo. pra mim, não tem lógica nenhuma que me faça dizer: "realmente, essa pessoa não merece ter um teto sob a cabeça." nem tava preparada pra essa lembrança, mas é isso, divaguei. 

as formigas continuam correndo das minhas mãos e penso se terei que limpar a estante novamente ou não. me pergunto se elas tem sonhos como eu. será que foi o cheiro de álcool que as atraiu? talvez realmente tenham se empenhado em ser minhas novas amizades. melhor continuar usando o dedo pra pisoteá-las, só por precaução mesmo. amanhã sei que precisarei bater o martelo para medidas mais drásticas, já que infelizmente é uma baita aglomeração.  

seria um erro meu ter pensado que não voltaria a falar delas assim tão cedo? seria uma boa ideia pensar que essa é uma coisa interessante pela qual devo dedicar um texto todas as vezes? não muito preocupada em cometer especificamente estes erros, estou sendo coagida a criar um espaço pra elas com um simples adesivo de #formigas. 

espero que isso não continue acontecendo. sinceramente. 

6 comentários:

Bruna de Lima disse...

Confesso que eu deixava uns docinhos na minha escrivaninha e as danadas iam bastante lá, mas depois de uma limpeza elas continuaram indo, AAAA. Somos uma piada para elas.

nicole e. martins disse...

a gente literalmente assim 🤡

Tati disse...

As formigas estragaram meu pé de hortelã esse mês :( (mas tão bonitinho elas carregando as folhinhas) (sim, eu fiquei olhando a destruição em massa sem fazer nada sobre)

Limonada

nicole e. martins disse...

poxa :( mas o seu pé de hortelã tá bem? nossa, é muito fofo mesmo observar elas carregarem coisas ajksaksj

Camila Faria disse...

Felizes são as formigas, que seguem fazendo suas aglomerações sem medo e sem culpa. #iwish

Não Me Mande Flores

nicole e. martins disse...

nossa, total. queria tanto!! :')