sobre ser muito sentimental e outras bobagens imperdíveis

foi numa noite dessas que acordei chorando. já fazem um mês ou dois. tive um pesadelo. hoje não lembro o que era, mas lembro da sensação. doía o peito. um choro muito profundo. como se as lágrimas viessem de um outro lugar além do corpo, além do tempo.

lembrei de quando tava na terceira série e a minha professora de matemática mandou um recado pra minha mãe dizendo que eu era muito chorona. tinha tirado três pontos na prova que valiam 10. como consegui uma nota dessas nessa época, não sei. apesar disso, melhorei em matemática – e não tanto assim.

continuo chorando muito, a propósito. era difícil chorar na frente dos outros. o que mudou é que, hoje em dia, tem sido difícil me conter. não sei por que preciso ter que me conter. quando a gente cresce, vira adulto, tem que segurar as pontas? fingir ser um cubo de gelo intacto? até onde lembro o gelo derrete. é assim que funciona.

o choro faz parte do processo de descarrego. é o resultado do ponto de ebulição. muita energia, muito sentimento, muito cansaço, um monte de alguma coisa acumulada dentro. é natural. 

ás vezes, é bom lembrar da coragem que é preciso ter pra ser vulnerável. foi a Elayne Baeta que me disse isso. 

acho que sou corajosa, de vez em quando e tá ótimo assim. não preciso ser sempre, ninguém vai pagar minha terapia depois. é só que parece que viver exige essa coragem constante, essa força inabalável, mas eu não tenho, acredito muito que a maioria dos seres humanos não tenha. assustador e reconfortante saber disso. 


ultimamente, percebi, tenho sido boiola demais. a minha casca pode ter se partido e eu me deixei transbordar pelas frestas. não sei bem quando aconteceu, mas as coisas tem sido muito... intensas. tudo é muito ASSIM e sempre um perigo iminente. sujeito a sofrimentos futuros, sabe? 

chorei vendo vídeo sugerido no instagram, chorei de saudade por alguém que não via a apenas 15 dias. essa semana recebi uns áudios de uma pessoa cantando umas músicas que eu gosto e chorei. sério. eu conheço a pessoa a tipo 2 semanas, no máximo (eu não tô apaixonada). me emocionei horrores quando tocou Chico Science num outro show aleatório que fui. que tempos malucos são esses? é emoção. demais. será que tá tudo bem mesmo? eu já nem sei mais. estar bem é um estado de espírito muito complexo de entender nesse momento.

não contei antes, mas desde o ano passado tenho preparado essa agenda velha pra usar durante esse ano de 2023 e tem sido uma loucura. acabou se tornando um diário. um livro de coisas que quero lembrar, ou que não quero esquecer. acho que tem diferença.

apesar de ser um diário, alguns dos meus amigos gostam de folhear o que tem dentro (só não pode ler), pois decoro cada página de um jeito diferente. ás vezes, faço só colagens, mas tenho adotado desenhos e pinturas também. é muito doido, ás vezes não sinto nem vontade de escrever e aí só colo coisas, desenho coisas. ajuda muito com a criatividade. dá vontade de pensar outras maneiras, visualizar de outro jeito, criar. 

para além de ser um diário, também anoto coisas úteis, mas não é tipo agenda de tarefas, tá mais pra registros. coisas que quero lembrar no futuro. filmes de terror que vi, livros que li, além de outras páginas que planejo fazer. 

pra mim isso tudo é boiolice, sim. tá tudo bem ser sentimental e obcecado, é só botar a mãozinha na consciência, lembrar dos limites. 

eu tinha planejado trazer alguns textos pra cá, mas nunca saíram do campo das ideias, tipo: retrospectiva das leituras do ano passado, o evento comer pipoca de panela feito por amigos, hablar sobre a Sally Rooney, uma divagação à respeito de linguagens de internet... talvez, falar mais sobre o que assisto. não sei.

fiz uma lista de metas (sim, foda-se) e estar mais presente aqui no blog é uma delas, não sei o que pensar à respeito. é possível que eu possa estar sendo otimista demais. tudo bem, se importar com as coisas faz parte de ser boiola. até qualquer hora. ⭐

8 comentários:

Giovanna dantas disse...

Talvez o motivo desses choros por esses acontecimentos seja você agradecendo interiormente por estar viva, vivendo momentos bons.
Meu deus que diário lindo, que colagens perfeitas!

Maria Catharina disse...

nicole, acho que você já deve ter percebido que eu sou bem ruim em comentar, apesar de sempre visitar o estranho peixe. vi a data do comentário de giovanna aqui em cima, o fundo do blog, a arte do amnesiac e me deu vontade de chorar. sou uma chorona assumida e me fez muito feliz ler o teu texto, porque ele também fala de como a gente pode se perceber a partir do choro, do jeito ele chega em diferentes momentos nossos. adoro tuas referências! (também tenho uma história desse tipo com uma professora de matemática da terceira série...). antes de ir embora queria dizer que amo vir aqui ler o que você escreve e alimentar a sensação de que a gente se conhece hahah bjokas! <3

Vanessa disse...

Nunca gostei de chorar, principalmente em público. Por quê? Não sei. Por ser de capricórnio, talvez? Só sei que quando eu choro é porque não tô aguentando mais. E na hora é tão bom chorar. Acho que eu devia chorar mais, mas não só quando as coisas estão insuportáveis. Chorar de alegria e de emoção.
Adorei teu diário! <3

Fernanda Weber disse...

Fernanda Weber disse...

oi, nicole! descobri seu blog um tempinho atrás e nunca comentava, mas depois desse post, precisava me pronunciar... eu também sou chorona e por muito tempo fiquei evitando demonstrar o quão sentimental eu era, porque as pessoas enchem muito o saco. mas de um tempo pra cá, por mais que eu quisesse, já não ia conseguir... qualquer coisa tem me emocionado, quando menos espero meu olho tá cheio d'água (ontem mesmo eu dei uma choradinha porque a boca rosa vai patrocinar um time de vôlei feminino???). e acho que se permitir deixar as emoções extravasarem é bem corajoso também.
ah, não deixa de trazer pra cá essas ideias que você teve, já estou curiosa pra ler tudo. ♥

'lana disse...

Agora entendi porque ta chovendo no seu blog sua chorona kkkkk.

Boiolice é uma ótima palavra pra definir o sentimento, eu me identifico com ela. Acho que foi em 2020 que um amigo meu perguntou: quando foi que eu fiquei tão afetado? Era sobre choro, se abalar com tudo e nada. Não sei, talvez seja a idade mesmo, muitos anos segurando pra soltar depois. Eu não chorava em publico até começar a chorar e nunca mais parei. Agora todo mundo sabe que eu sou uma chorona, não só minha mãe.

Adorei seu diário, eu tinha um que chamava de caderno de tudo, mas em inglês chamam de Commonplace book. Dá no mesmo e serve pra tudo, é mais abrangente que um bullet journal, não sei se já ouviu falar.

Eu também tenho um post de leituras do ano passado e mais uns 50 outros que só vão ficando pra outro momento. São assuntos que vão e voltam, então eventualmente eu vou me inspirar a terminá-los. Espero que seja o seu caso também e se não for, tudo bem. Até lá!

Cladisson disse...

oi chorona. obrigado por ter me acolhido quando eu chorei. tô na mesma que você, outro dia chorei com um vídeo do explorar que nem era triste. te amo 💙

Monique Larentis disse...

O seu caderno é lindo, e mesmo sem poder ler ^^ deve ser muito inoperacional para seus amigos. Espero que você realize todas as suas metas do ano.

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