um date em Pânico

depois de um grande sim, eu aceito, me encontrei em uma sala escura de cinema. era óbvio que provavelmente a única pessoa que assistiria um filme de terror e comigo, seria ela. quem mais o faria? o fato é que o filme não é lá algo romântico, tampouco provindo da caixinha de obras de horror aclamadas atualmente, como os filmes do Jordan Peele (Run, Us, e, inclusive esse ano sai Nope), O Babadook, Hereditário, A Bruxa, Invocação do Mal, Corrente do Mal, etecetera e etecetera. são ótimos (exceto por esse último que creio na falta de noção que se deu), mas então quem, em sã consciência, assistiria ao meu lado mais uma sequência saturada de filme trasheira violenta e pagasse por isso?

com direito a cangotes perfumados, chocolates e outros mimos, senhoras e senhores leitores deste site, informo encarecidamente que fui ao cinema sozinha. calma, calma, se acredita não ser nada demais, penso que é verdade, não é um grande evento. é plausível ter sido o fim do mundo ou choro, pijama e pote de sorvete, ou talvez, solitário,  no entanto, aviso de antemão que não foi nada disso. euzinha não poderia, jamais e de maneira alguma ignorar o sorrisão que estampei na cara durante o filme e até muito depois, quando deitei a cabeça no travesseiro. 

como que você pode sair tão sorridente depois de ver um filme de terror? meu pai pergunta. galera... não sei explicar. o filme nem foi assim o abalo das minhas estruturas, mas foi tão importante estar lá. foi uma experiência tão necessária que mal consegui me conter. ter visto algo que eu queria muito ver e não deixar de ir só por não ter um alma penada pra me acompanhar, foi tão libertador. saber que existo com as minhas próprias vontades e que não sou uma extensão das pessoas que me conhecem. me parece bobo quando escrevo e leio essas coisas em voz alta, mas a felicidade é genuína.

agora, vamos ao que interessa. Pânico tá longe de ser uma franquia perfeita, ou melhor, desde 1996 executando a mesma fórmula "perfeita". segue à risca em todas as suas sequências, umas diferenças mínimas aqui e ali, mas é aquela coisa, saber do erro e permanecer no erro. é tão tosco que consegue ser engraçado, ou no caso do terceiro, apenas vergonha alheia (talvez eu esteja falando especificamente do corte de cabelo da Courtney Cox nesse filme.) sabendo da minha própria índole, não tenho motivos suficientes pra justificar esse gosto por filmes escabrosos, a não ser por puro entretenimento. é um tipo de hobby que me sinto acanhada em dizer que tenho. acho que por nunca ter conhecido alguém que compartilhasse da mesma obsessão (não tão séria), mas tá aí um fato aleatório sobre mim. 

Scream (2022) foi chamado de fanfic pelos próprios personagens, mas considero ser uma quinta sequência mesmo assim. tenho um ranking mental muito claro e do melhor ao pior ficaria assim: 1>4>5>2>3.

um dos motivos que me faz gostar tanto de filmes de terror é a trilha sonora. caramba, não tem gênero que mais me dê prazer em termos de música. red right hand, que já era parte da soundtrack do primeiro, voltou a estar no novo filme. ela é uma das minhas favoritas da franquia inteira. por causa dessa lembrança fiquei mais empolgada para ouvir Nick Cave & The Bad Seeds, pois só iam ficando para o fim da fila. 

 

por falar nisso, quando tocou guilty conscience, eu sabia que o meu momento viria. finalmente, um lgbtqzinho nessa droga de franquia. aguardei ansiosa pela aparição, e por um momento, jurei que era um grande bait e que eu tinha caído, particular a uma cena bem intensa com duas pessoas. no entanto, logo logo, minhas suspeitas se revelaram, muito bem confirmadas, obrigada! comemorei sozinha, falando com as cadeiras vazias ao meu lado, comentando tudo que tinha direito. satisfeita demais. e ai de quem tivesse falado um A perto de mim.  

aí vão alguns pontos que talvez façam alguém sentir vontade de ver, ou só de passar reto mesmo.

coisas que eu ansiava por acontecerem e aconteceram: 

🗡representação cool de personagem lgbtqiap+;

🗡personagens não-brancos importantes para a trama e com vida própria;

🗡a presença da final girl mais icônica que existe, pode entrar: Sidney Prescott.

coisas que eu ansiava por acontecerem e NÃO aconteceram:

🗡vilões tão bons quanto os do primeiro filme (muito suspeita falando, mas é um desejo de verdade);

🗡uma certa personagem como vilã (teria sido 10/10, ou não, vai saber).

com apenas um final de semana de estreia, o filme foi sucesso de bilheteria e os criadores já confirmaram a sexta sequência. nem vou negar que achei graça, mas fiquei de coração quentinho também, admito. torço para que fujam um pouco do padrão original, que continua firme e forte. a ideia que o próprio filme sugere ao futuro da nova protagonista (talvez ela nem volte), seria legal, apesar de que ele tenha tomado um rumo que eu preferia que não tivesse. mantenho as esperanças por um spin-off de respeito. 

que venham mais sequências ruins do Pânico para que eu tenha mais encontros românticos com moi.⭐