29 de jul. de 2021

mais uma clássica batalha olímpica: eu x eu mesma


esse post é pura autodepreciação, não leia se isso te traz desconforto. 

é sério, não vale a pena. 

sabe aquela voz na cabeça que fala enquanto você escreve, ou lê, alguma coisa? na minha mente é a minha própria voz. pode ser uma afirmação boba, mas depois de ter visto, a um tempão, um post no twitter assim: "a voz na cabeça de vocês é masculina ou feminina?", não me parece tão absurdo assim. a questão é que não importa o tom da voz que ecoa na minha cabeça, eu a odeio. é como descobrir que você tá respirando e de alguma forma o ato de respirar te incomoda demais e você fica sem ar e.... é por aí. 

a verdade é que cansei. cansei dessa voz que não cala mesmo quando minha boca nem se move. cansei de ter que me ouvir falar sobre qualquer coisa. escrevi o último texto e a cada linha que lia, só emitia vários: "cala a boca, pelo amor de deus. ninguém te aguenta mais". esse tipo de indignação já esteve presente em outros textos meus aqui, mas é isso, é um lance que não acaba. existem altos e baixos. há algumas semanas a bolinha do gráfico sem nome tá no pico e se mantém subindo.

é até ridículo falar de portas se abrindo e logo em seguida falar das coisas que continuam sendo barreira na minha vida, eu mesma. é foda ter tantas ideias e planos legais, quando eu me coloco nesse lugar de: por que vou me esforçar se vai dar errado? por que vou tentar se não sou boa nisso? por que ainda tô viva? sinceramente, queria muito levar uns socos bem dados.

vi um vídeo um dia desses e me preocupei com um possível fato jogado em minha face de que eu seja uma pessoa passivo-agressiva. não vou me autodiagnosticar, por isso não falarei o nome do problema todo. isso me deixou muito mal. nem sabia que a forma como eu lido com as coisas pudesse ser um traço de algo mais sério (e tóxico). aí veio junto a informação que a geração millennial é passivo-agressiva. eu sou millennial? as redes sociais me deixaram assim? sou mesmo ou é só uma tentativa desesperada de tentar me entender? talvez nada disso seja real, mas me atingiu o suficiente.

por que tudo me motiva, mas nada me mantém motivada por muito tempo? por que parece que tudo que falo em voz alta é mentira? por que não boto fé em nada que faço? 

agosto me lembra de um outro fato: não gosto de falar que nasci em agosto. uma vez ouvi que sou egoísta e só quero o melhor pra mim já que sou leonina. foda-se? se você tá dizendo que sou assim por um motivo que me foge ao controle quer que eu faça o quê? agradeça pela sua sabedoria divina e me enterre? se for pra ser alguma coisa quero pelo menos ter a possibilidade de não poder ser. possibilidade de mudar. sabe? já tem tanta coisa me empurrando em caixas de destino diferentes, eu realmente não preciso de outra. (eu não falei isso pra pessoa, na verdade, eu fiquei calada, como sempre.)

não sou uma pessoa falante. é outra verdade. sou observadora. não tenho habilidade sociais pra ter longas conversas e isso me deixa possessa. tenho ansiedade social, segundo a minha psicóloga da escola, lá bem longe no tempo. nunca fui tratar isso, tentei resolver sozinha e deu errado, agora não sei mais nada, não sei, me sinto medíocre. ás vezes penso que isso também leva a culpa da minha cabeça ser desse jeito. ás vezes ignoro que eu tenha tido qualquer conversa com essa psicóloga. 

fico paranoica cortando todos os eu's que escrevo. mas não se engane, odiei tudo que escrevi aqui.

queria ser bem resolvida comigo mesma. mas será que existe alguém assim? tipo, totalmente resolvido? queria ser minimamente resolvida pra ter um relacionamento saudável com outra pessoa. 

"se você não ama você mesmo como diabos vai conseguir amar outra pessoa?" RuPaul que me perdoe, mas não sei.

não sei como funciona isso de se amar antes de qualquer coisa, pois a menina que eu gosto se mudou pra muito perto da minha casa e já tive todas as oportunidades do mundo. tenho responsabilidade e evito as coisas que eu possa causar a ela. é amor? talvez seja só covardia.

odeio enaltecer as minhas tristezas. faço isso quando escrevo elas aqui. o que posso fazer? a quem vou direcionar a fala sobre as minhas angústias? ninguém merece absorver tanta negatividade e pessimismo. tenho pena dos psicólogos, psiquiatras, terapeutas, e etc, é um trabalho difícil. não o suficiente pra ter coragem de frequentar um profissional desse. tenho medo do olhar demorado das pessoas (inclusive da minha mãe), tenho medo que descubram coisas sobre mim que nem eu mesma saiba. eu não sou transparente e isso é curioso pras pessoas. 

me sinto uma bola de poeira estagnada num canto que a vassoura não consegue entrar. espero por um balde d'água me levar embora. 



aqui uma playlist que de tempos em tempos me consola.

5 comentários:

Snow ★ disse...

Olha, se te serve de consolo penso nos leoninos como pessoas incríveis! Claro que todos os signos do zodíaco tem seus pontos negativos mas a meu ver até mesmo esses pontinhos para aqueles que nasceram sob o signo de leão se tornam positivos pois aos meus olhos, vocês tem uma ótima capacidade de virar qualquer situação a seu favor (sem contar que na cartinha (ela é pequena mesmo, é do mini tarô w.i.t.c.h.) de tarô que tenho desse signo há a seguinte frase "faça a sua parte e você vai se dar bem" acompanhada de palavras como "amor, dignidade, vaidade", aí você vê se isso te soma de alguma coisa ou não) então quando o assunto é algo que você não possui um controle amplo a melhor saída é conhecê-lo, ou ignorá-lo completamente rkeworkow e como eu tenho uma leve impressão de que qualquer coisa que eu venha dizer sobre o seu texto vai ser uma repetição com palavras diferente do que eu já disse em outras publicações suas, vou te indicar um vídeo. Não é de música mas acabei de encontrá-lo e ele me encheu de algo bom, além de me fazer repensar certos pensamentos que eu tive nesse meio de semana (o vídeo).

Vou ficando por aqui Nicole, 'té!

arantxa disse...

não vou falar muita coisa, porque faz um tempinho que também tenho me sentido desse jeito e eu não quero que ninguém me fale nada de volta, a vontade é só falar e falar e falar até que tudo saia de mim e faça algum sentido, apesar de saber que não vai fazer sentido nenhum e que, por mais que eu queira, não vai aparecer nenhum resultado mágico. ultimamente tenho amaldiçoado as sessões de terapia porque pensar tem me cansado e eu não quero enxergar o que estou fazendo de errado, porque não quero enxergar nada. é muito cansativo sentir coisas, pensar coisas, fazer coisas. eu quero só ser uma ameba por um tempo.

(acabei já falando um monte)

quero te deixar com um abraço de quem entende o quão irritante é ter uma sombra de si mesma agourando tudo o que se faz. e quero dizer que, já que a minha carta não chegou, eu vou mandar outra (dessa vez registrada. vamos ver se não chega mesmo), porque não importa quais são as suas palavras: eu sempre quero lê-las. e que o balde d'água seja, em algum momento, só uma artimanha pra espantar o calor em um dia mais tranquilo.

vou te deixar com um presente: uma das minhas bandas favoritas (clica aqui!!) e o desejo de que a voz se aquiete um bocado. beijo, nic. fica bem <3

Vanessa disse...

Acho que tenho um pouco de passivo-agressiva. Comecei a pensar nisso depois de um dia na terapia, quando a minha psicóloga me falou sobre se fazer de vítima. As duas coisas nunca me saíram da cabeça.

Não sei se existe alguém totalmente resolvido consigo mesmo, mas aquelas pessoas que vejo na internet, que pelo menos sabem fingir muito bem, me deixam deprimida.

Enfim, não sou de falar dos meus problemas porque as pessoas acham que podem resolver tudo com uma palavra, quando na verdade tudo o que a gente precisa às vezes é só botar tudo pra fora. Nisso um psicólogo pode ajudar (ou botar mais questionamentos na tua cabeça haha).

maria disse...

ok, vamos lá. acho que todo mundo é passivo-agressivo quando lhe convém. isso não quer dizer que deixa de ser um traço tóxico. pelo contrário: o que eu quero dizer é que todo mundo é tóxico vez ou outra. o problema não é necessariamente uma questão de ser ou não ser tóxico, mas sim o que fazer com essa toxicidade. vi que existe essa preocupação em você em relação ao ser alguma coisa e por isso não poder ser outra ou deixar de ser. felizmente, o ser humano é um animal complexo demais pra gente falar em termos tão simples como ser ou não-ser. não quero dizer que tua preocupação não tem sentido; ela tem, só que talvez essa preocupação seja mais um convite à reflexão do que uma preocupação com uma resolução em si.

não existe ser totalmente resolvido consigo mesmo. existe não ter noção do que está errado, existe ignorar os próprios problemas, existe escolher ser negligente consigo mesmo. ao longo do tempo, isso traz consequências, mas até elas chegarem, as pessoas ignoram e fingem que está tudo bem. e a gente compra essa ideia. mas não existe essa plenitude de estar resolvido consigo mesmo.

essa ideia de não poder amar outra pessoa ou não poder ser amado sem antes amar a si mesmo é mais uma daquelas ideias meio senso comum extremamente tóxicas que são repetidas em todos os lugares, inclusive por psicólogos e psiquiatras afora. porém o amor, assim como o ser humano, não é simples. a gente acha que ver defeitos em nós mesmos não é amor. a gente acha que ficarmos bravos ou angustiados com nós mesmos não é amor. a gente acha que qualquer sinal de auto-reprovação é sinal de que não há auto-amor. e isso não é verdade. a gente erra. a gente se estressa. a gente se decepciona com nós mesmos. mas isso não quer dizer que não nos amamos. se amar é ter coragem o suficiente para não desistir de si mesmo. posso estar falando groselhas, mas é o que aprendi ao longo de 10 anos em tratamento psicológico e psiquiátrico, bem como 5 anos de faculdade de psicologia.

a gente não precisa estar perfeito ou "resolvido consigo mesmo" (o que é um mito, como disse anteriormente) pra amarmos e sermos amados. se assim fosse, o amor não poderia existir. e ele existe, desde que tenhamos uma visão realista deste sentimento, desde que esqueçamos das concepções românticas e socialmente difundidas sobre o quê é o amor. o amor é cada um que faz. nem sempre o amor que uma pessoa tem pra te dar é o que você consegue receber, e portanto você pode acreditar que não é amada por isso. assim como nem sempre o amor que você tem para dar é o que a outra pessoa quer ou precisa, e ela não vai acreditar ser amada por isso. mas o amor existe, ele só não é essa força mágica que tudo suporta. pelo contrário, todo dia é preciso lutar para não deixar o amor morrer. a gente só tem que tomar cuidado pra direcionar isso às pessoas certas.

filosofei um monte aqui, e sinceramente sinto que falei mais do que eu penso do que comentei sobre teu texto. não sei se isso é bom ou ruim (eu, pessoalmente, adoro quando fazem isso ao ler o que eu escrevo), mas de qualquer forma tá aí.

eu não me importo em ler mais textos assim. só peço que, caso chegue um momento em que você só consegue escrever esse tipo de texto especificamente, procure ajuda.

beijinhos.

Giovanna dantas disse...

Não sei nem o que comentar aqui, mas me senti 100% representada e é foda passar por isso tudo dentro da sua própria cabeça. Espero que esses conflitos consigo mesma diminuam, fica bem!